Nos supermercados da cidade, consumidores já podem constatar aumento no preço de alguns produtos, como carnes
O preço dos alimentos voltou a subir e provocou a aceleração da inflação no mês de setembro. Hoje, os mesmos produtos que se compravam há um mês não cabem mais no mesmo orçamento. E se de um mês para outro o preço dos produtos aumentam, a variação é capaz de reduzir significativamente o poder de compra de uma família. Esse cenário, que na maioria das vezes pega o consumidor despreparado, acaba assustando as pessoas.
A inflação medida segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de setembro com alta de 0,57%, após um aumento de 0,25% em agosto. Neste ano, o IPCA acumulou uma alta de 4,61%. Em 12 meses, a taxa ficou em 6,75%, acima do teto da meta estipulada pelo governo, que é de 6,5%.
O maior problema desse cenário ‘inconstante’, segundo a dona de casa Rosalie Cortez, 54, é que o preço dos produtos vai aumentando aos poucos, sem que as pessoas vejam. “Sem dúvidas isso nos dá medo em relação ao futuro. Com tanta alta dos preços nós não sabemos o que poderemos oferecer aos nossos filhos: se será comida de qualidade ou não”, conta.
A feira quinzenal feita por Rosalie tem um custo de aproximadamente R$ 600 reais. “E olha que para caber no orçamento eu preciso comprar o básico, substituir uma carne boa por outra de segunda qualidade, além de dar nossos jeitinhos para que a comida possa render”, disse.
Carne e queijo estão entre os produtos mais caros para o consumidor. Porém, o que também vem assustando a população são os preços das frutas. O militar Gabriel Silva, 70, critica a falta de políticas para combater o aumento de preços dos alimentos. “Muitos dizem que a inflação não existe, mas ela está aí, assombrando a todos nós”, afirmou.
“Dou graças a Deus por ter alcançado estabilidade financeira e ter um bom salário. Mas me preocupo muito com os meus filhos, que estão começando a formar suas famílias agora. Não sei como será o poder de compra deles e qual a qualidade dos produtos que eles deverão se servir. É difícil, é inaceitável, mas é o que temos hoje: uma conta mensal para mais de R$ 1.200,00 com alimentação”, afirmou.
A imprevisibilidade do aumento inflacionário no Brasil é tão incerta que o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, chegou a sugerir que a população brasileira fique atenta à possibilidade de substituir produtos à mesa. Só as carnes subiram 3,17% no mês passado. Diante disso, Holland sugeriu que o brasileiro substitua o alimento por aves e ovos, que são normalmente mais baratos.
Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Zivanilson Silva, doutor em administração e mestre em economia, disse que a alta dos preços se deve, em parte, ao aumento sazonal de alimentos em função de um período de entressafra (baixa colheita), agravado pela seca e pelo aumento da demanda dos produtos.
“Vários produtos têm sofrido essa baixa variação de colheita. A escassez de alguns produtos, principalmente aqueles mais procurados, como a carne, acabam sofrendo a majoração dos preços”, conta.
Conforme explicação do professor, como o país não possui uma política eficaz voltado para o abastecimento imediato da produção, a tendência é que o impacto da natureza provoque aumento dos preços. “Esse período sazonal afeta a produção, afeta a oferta dos produtos e, consequentemente, afeta os preços. Se as condições climáticas melhorarem e a produção aumentar, pode haver diminuição dos preços dos produtos”, avaliou.
Fonte: O Jornal de Hoje